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Caracterização das dissertações e teses dos programas de pós-graduação stricto sensu em Terapia Ocupacional no Brasil:
um estudo bibliométrico
Recebido: 16 de agosto de 2024 • Enviado para modificações: 8 de outubro de 2024 • Aceito: 19 de dezembro de 2024
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G. (2025). Caracterização das dissertações e teses dos programas de pós-graduação stricto sensu em Terapia Ocupacional no Brasil: um estudo bibliométrico.
Revista Ocupación Humana, 25(1), 26-46. https://doi.org/10.25214/25907816.1798
Caracterización de disertaciones y tesis de programas de posgrado stricto sensu en Terapia Ocupacional en Brasil: un estudio bibliométrico
Characterization of dissertations and theses of stricto sensu postgraduate programs in Occupational Therapy in Brazil: A bibliometric study
Mirian Moreira 1
Monica Villaça Gonçalves 2
Janaína Santos Nascimento 3
Diego Eugenio Roquette Godoy Almeida 4
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
1. Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, Espírito Santo, Brasil.
miriianmoreira13@gmail.com
https://orcid.org/0009-0001-5326-6940
2. Terapeuta ocupacional. Especialista em Saúde Mental. Especialista em Acessibilidade Cultural. Mestre em Saúde Pública. Doutora em Terapia Ocupacional. Docente, Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, Espírito Santo, Brasil.
monica.v.goncalves@ufes.br
https://orcid.org/0000-0002-8090-9884
3. Terapeuta ocupacional. Especialista em Saúde com ênfase em Clínica Médica. Mestre em Atenção à Saúde. Doutora em Ciências. Docente, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
jananascimento.to@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-1059-8291
4. Terapeuta ocupacional. Especialista em Terapia Ocupacional em Saúde Mental Mestre e doutor em Ciências: Educação e Saúde na Infância e Adolescência. Docente, Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, Espírito Santo, Brasil.
diego.e.almeida@ufes.br
Resumo
A pesquisa visou caracterizar as dissertações e teses dos programas de pós-graduação stricto sensu específicos em Terapia Ocupacional no Brasil. Realizou-se, um levantamento bibliométrico dessa produção, através de consulta no Portal de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e nos websites dos programas. Os trabalhos do programa de pós-graduação da Universidade de São Paulo não foram incluídos, uma vez que não estavam disponíveis no período da pesquisa. Foi realizada uma análise descritiva, utilizando frequências absolutas e relativas para as variáveis categóricas. Foram encontradas 133 pesquisas, sendo 88,7% da Universidade Federal de São Carlos e 11,3% da Universidade Federal da Minas Gerais; a maioria eram de autoras terapeutas ocupacionais do sexo feminino. Em relação à subárea de atuação, o campo social aparece em maior número, seguido por instrumentos de avaliação, recursos e tecnologias de atuação; saúde da criança, maternidade e apoio familiar; saúde mental; história, ética, filosofia e epistemologia da Terapia Ocupacional; pessoas com deficiência, saúde física e funcional. A produção em programas específicos tem sido uma importante estratégia de valorização da área enquanto produtora de conhecimento.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional, pesquisa, programas de pós-graduação em saúde
Resumen
La investigación buscó caracterizar las disertaciones y tesis de los programas de posgrado stricto sensu específicos en Terapia Ocupacional en Brasil. Se realizó un levantamiento bibliométrico de esta producción, consultando el Portal de Tesis y Disertaciones de la Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior y las páginas web de cada programa. Los trabajos del programa de la Universidade de São Paulo no fueron incluidos, pues no estaban disponibles durante la realización del estudio. Se realizó un análisis descriptivo, utilizando frecuencias absolutas y relativas para las variables categóricas. Se encontraron 133 investigaciones, 88,7% de la Universidade Federal de São Carlos y 11,3% de la Universidade Federal de Minas Gerais; la mayoría de las autoras son terapeutas ocupacionales del sexo femenino. En relación con la subárea de actuación, el campo social aparece en mayor número, seguido por instrumentos de evaluación, recursos y tecnologías de actuación; salud infantil, maternidad y apoyo familiar; salud mental; historia, ética, filosofía y epistemología de la Terapia Ocupacional; personas con discapacidad, salud física y funcional. La producción investigativa en programas de posgrado específicos ha sido una importante estrategia de valorización del área como productora de conocimiento.
Palabras clave: Terapia Ocupacional, investigación, programas de posgrado en salud
Abstract
The research aims to characterize the production from stricto sensu postgraduate courses in Occupational Therapy in Brazil. A bibliometric survey about this production was conducted through searches on the Theses and Dissertations Portal from the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior and on each program’s specific websites. The works from the graduate program at the University of São Paulo were not included, as they were not available during the research period. A descriptive analysis was performed using absolute and relative frequencies for categorical variables. A total of 133 works were found, 88.7% from the Federal University of São Carlos and 11.3% from the Federal University of Minas Gerais. Most of the authors are female occupational therapists. Regarding the subarea of practice, the social field appears in greater numbers, followed by assessment instruments, resources, and technologies of practice, child health, motherhood and family support, mental health, history, ethics, philosophy and epistemology of Occupational Therapy, people with disabilities, physical and functional health. The output in specific programs has been an important strategy for increasing the area’s value as a producer of knowledge.
Keywords: Occupational Therapy, research, health postgraduate programs
5. Stricto sensu é uma expressão latina que significa “sentido específico”. No contexto do ensino superior no Brasil, refere-se a um nível de pós-graduação que resulta na obtenção de um diploma de mestre ou doutor.
Introdução
A pesquisa acadêmica em Terapia Ocupacional no Brasil tem explorado temas específicos da profissão em interação com outras áreas de conhecimento, como Saúde Pública, Educação, Psicologia, Engenharia e Medicina. Essa produção acadêmica tem sido impulsionada pelos desafios enfrentados pelos terapeutas ocupacionais em relação às demandas da população brasileira, sempre em diálogo com as políticas nacionais de saúde, assistência social, cultura e educação (Emmel & Lancman, 1998; Malfitano et al., 2013).
Os primeiros profissionais de Terapia Ocupacional a obter títulos de mestre e doutor no Brasil foram registrados nas décadas de 1970 e 1980 (Emmel & Lancman, 1998). O credenciamento das primeiras terapeutas ocupacionais como docentes em programas de mestrado e doutorado no país, por sua vez, ocorreu mais tardiamente, na década de 1990, em áreas afins, como Educação Especial e Ciências da Reabilitação (Lancman & Mangia, 2018; Malfitano et al., 2013). Embora esse ingresso tenha representado uma conquista significativa para a consolidação da profissão, especialmente nos programas de Ciências da Reabilitação, logo se evidenciou que os critérios de permanência eram excludentes para os docentes de Terapia Ocupacional. Isso se deve ao fato de que as condições para pesquisa e os interesses científicos não são os mesmos entre os membros de um mesmo programa (Lancman & Mângia, 2018).
Malfitano et al. (2013) atribuem a crescente busca por formação na pós-graduação por terapeutas ocupacionais às novas exigências surgidas no mercado de trabalho, especialmente com a expansão dos cursos de graduação, o que vem demandando novos docentes. Essa tendência crescente foi corroborada por pesquisas mais recentes, como a conduzida por Folha et al. (2019). No entanto, até recentemente, programas de pós-graduação específicos em Terapia Ocupacional eram inexistentes no país, levando profissionais a buscar formação em outras áreas de conhecimento (Folha et al., 2019).
A Terapia Ocupacional é uma área de conhecimento que, no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), compõe a Área 21, juntamente com as áreas de Educação Física, Fisioterapia e Fonoaudiologia (CAPES, 2024). No entanto, a Terapia Ocupacional, como subárea específica, com um programa de pós-graduação próprio, foi iniciada apenas em 2010, com a implantação do curso de Mestrado em Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Carlos. O doutorado foi criado cinco anos depois, em 2015 (Malfitano et al., 2022). Posteriormente, em 2019, iniciou-se o Programa de Pós-Graduação em Estudos da Ocupação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, s.d.) e o Mestrado Profissional em Terapia Ocupacional e Processos de Inclusão Social da Universidade de São Paulo (USP, s.d.). A expectativa é que seja possível abordar temáticas de interesse específico da área, impulsionando seu crescimento e institucionalização na esfera da pesquisa e da produção do conhecimento.
Ao nosso conhecimento, este é o primeiro estudo a caracterizar de forma abrangente as dissertações (mestrado) e teses (doutorado) produzidas nos programas de pós-graduação stricto sensu5 em Terapia Ocupacional no Brasil. Essa pesquisa não apenas preenche uma lacuna significativa na literatura existente, mas também oferece uma base fundamental para futuras investigações na área, contribuindo para o desenvolvimento e a valorização da Terapia Ocupacional no contexto acadêmico e profissional brasileiro.
Diante da necessidade de se avaliar o perfil e as tendências científicas a partir da criação dos cursos de mestrado e doutorado, esta pesquisa tem como objetivo caracterizar as dissertações e teses produzidas nos programas de pós-graduação stricto sensu específicos em Terapia Ocupacional no Brasil.
Procedimentos metodológicos
Trata-se de um estudo bibliométrico que envolve o levantamento das teses e dissertações produzidas nos programas de pós-graduação stricto sensu específicos em Terapia Ocupacional no Brasil. Os programas analisados são: o Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (PPGTO-UFSCar), o Programa de Pós-graduação em Estudos da Ocupação da Universidade Federal de Minas Gerais (CPGEO-UFMG) e o Programa de Mestrado Profissional em Terapia Ocupacional e Processos de Inclusão Social da Universidade de São Paulo (MPTO-USP).
O estudo bibliométrico é uma abordagem fundamental na Ciência da Informação, focada principalmente na quantificação e descrição do conhecimento registrado (Araújo & Alvarenga, 2011). No contexto da produção científica, a bibliometria exerce um papel importante, pois seus indicadores permitem avaliar o comportamento, o desenvolvimento e a repercussão dos resultados de pesquisas em áreas específicas do conhecimento.
A busca foi realizada no ano de 2022, entre janeiro e setembro, por duas pesquisadoras, no Portal de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, 2016), além das páginas específicas de cada um dos programas mencionados (PPGTO-UFSCar, s.d.; UFMG, s.d.; USP, s.d.). O Portal da CAPES fornece informações sobre pesquisas defendidas em programas de pós-graduação do Brasil. Os dados apresentados no catálogo são oriundos da Plataforma Sucupira, que é uma ferramenta que coleta, analisa e avalia os cursos de mestrado e doutorado cadastrados pela CAPES (s.d.).
No Portal da CAPES, foram utilizados os termos “Terapia Ocupacional” OR “terapeuta ocupacional”, aplicando um filtro para publicações a partir de 2013, ano em que as pesquisas começaram a ser disponibilizadas na íntegra na Plataforma Sucupira. Adicionalmente, foi aplicado um filtro para a área de avaliação em Educação Física. No entanto, como a plataforma não oferece uma busca precisa, foi necessário realizar o rastreamento manual das referências, pois apareceram trabalhos que, mesmo com a aplicação dos filtros, não atendiam ao critério dos termos ou da área de avaliação.
Em seguida, foi realizada a busca nos sítios eletrônicos específicos de cada um dos programas mencionados, bem como nas bases de dados de suas respectivas instituições. Os critérios de inclusão para esta análise foram os seguintes: as teses e dissertações deveriam estar acessíveis nos portais ou sites dos programas de pós-graduação; somente trabalhos publicados a partir de 2013 foram considerados, já que essa é a data em que as pesquisas começaram a ser disponibilizadas na íntegra na Plataforma Sucupira; as publicações precisavam estar relacionadas à Terapia Ocupacional; e realizadas em programas de pós-graduação específicos em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade de São Paulo.
Ao considerar os critérios mencionados, as dissertações do Mestrado Profissional da Universidade de São Paulo não foram incluídas na análise, pois não estavam disponíveis nos portais consultados. Dessa forma, foram consideradas apenas as teses e dissertações dos programas da Universidade Federal de São Carlos e a Universidade Federal de Minas Gerais.
O material levantado, conforme apresentado na figura 1, foi organizado em uma planilha do Microsoft Excel, que contém as seguintes informações: título, autor (incluindo gênero e formação do autor, se terapeuta ocupacional ou não, obtida através da consulta ao Currículo Lattes6), programa de pós-graduação em que foi realizado, ano de publicação, nível (tese ou dissertação), estado da instituição de ensino, formação do orientador (terapeuta ocupacional ou não), palavras-chave, presença dos termos “Terapia Ocupacional” ou “terapeuta ocupacional” no título e/ou nos descritores, resumo, tema; subárea da Terapia Ocupacional e informações sobre a população, como faixa etária/ciclo de vida e gênero.
Destaca-se o desafio de classificar subáreas de atuação da Terapia Ocupacional, uma vez que não existe um documento oficial que estabeleça essa classificação. A resolução nº 366 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2009) reconhece apenas cinco especialidades: saúde mental, saúde funcional, saúde coletiva, saúde da família e contextos sociais. No entanto, dada a diversidade dos temas e objetos científicos, essa classificação por especialidades revela-se insuficiente.
Algumas pesquisas têm proposto categorias, mas sem explicitar os critérios utilizados (Drummond et al., 2009; Souza et al., 2018), o que também tem ocorrido nos currículos das universidades. Além disso, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, s.d.) não realiza a divisão das subáreas da Terapia Ocupacional, ao contrário de outras profissões como Medicina e Enfermagem, por exemplo.
Nesta pesquisa, utilizou-se o processo realizado por Oliveira et al. (2013) em sua pesquisa sobre a Enfermagem, escolhendo as subáreas de atuação da profissão a partir da representação dos principais pilares da produção de conhecimento, delineando seus objetos de investigação, tanto quanto os conceitos fundamentais deste campo acadêmico. Os princípios ou eixos organizacionais foram: princípio da autonomização de domínios de conhecimento: diz respeito aos esforços de cada área em estabelecer sua própria identidade distinta, desenvolvendo suas próprias diretrizes, normas e cultura científica, embora permaneçam dentro de uma episteme compartilhada; princípio da realidade: relacionado a problemas e necessidades práticas específicas e contextualizadas temporalmente, que demandam conhecimento; princípio epistemológico: referente ao tipo de conhecimento buscado e ao que é considerado um resultado legítimo de pesquisa, bem como às estratégias e métodos reconhecidos como válidos para sua obtenção; princípio dos campos emergentes: não pode ser dissociado dos três primeiros, pois surge da interação entre realidade, justificação do conhecimento e dinâmicas das comunidades científicas, dando origem a novas áreas de estudo como produtos de contextos sociais e históricos. Esses novos campos emergem a partir de lacunas deixadas por áreas pré-existentes ou através de colaborações entre elas, expandindo ou penetrando em fronteiras, ocupando terrenos disputados ou até mesmo explorando territórios ainda não investigados (Oliveira et al., 2013).
Assim, foram elencadas as seguintes categorias: saúde mental; pessoas com deficiência, saúde física e funcional; educação; cultura; campo social; gestão pública; trabalho e saúde do trabalhador; saúde da criança, maternidade/apoio familiar; história, ética, filosofia e epistemologia da Terapia Ocupacional; Gerontologia; instrumentos de avaliação, recursos e tecnologias de atuação da Terapia Ocupacional; saúde coletiva/atenção primária; contexto hospitalar; e “não se enquadra”. Os casos de dúvida foram discutidos entre três pesquisadores do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Espírito Santo para analisar se concordavam com a classificação de cada pesquisador.
É importante esclarecer que a categoria “história, ética, filosofia e epistemologia” abrange não apenas pesquisas sobre a história da profissão, mas também a estruturação de seus conceitos e fundamentos. Inclui investigações sobre a formação de terapeutas ocupacionais, estudos de currículos acadêmicos e a formação tanto graduada quanto pós-graduada. Além disso, contempla pesquisas sobre território e comunidade na América Latina, bem como análises sociais do discurso em relação às práticas da Terapia Ocupacional. Também foram incluídos os estudos que examinavam os conceitos e o uso dos termos “ocupações, atividades e cotidiano” na Terapia Ocupacional, além de indagações sobre a implantação da Terapia Ocupacional na América Latina.
Na categoria “instrumentos de avaliação, recursos e tecnologias de atuação” foram classificadas pesquisas relacionadas à adaptação e à validação transcultural de instrumentos avaliativos em Terapia Ocupacional, registros de prontuários, oficinas de atividades, dispositivos de tecnologia assistiva e comparação de protocolos.
A categoria “saúde da criança e maternidade/apoio familiar” foi criada porque esses temas estavam profundamente interligados nos trabalhos apresentados, mas não havia um número suficiente de pesquisas para justificar a delimitação em duas categorias distintas. Assim, foram incluídas pesquisas sobre saúde da criança em diferentes contextos, bem como estudos focados em mulheres, abordando questões relacionadas à maternidade e ao apoio familiar nos cuidados com as crianças.
Pesquisas sobre cuidadores de determinados grupos populacionais, como pessoas idosas ou crianças com deficiência, foram classificadas na categoria correspondente ao grupo das pessoas cuidadas. Por exemplo, pesquisas com cuidadores de pessoas idosas (Bauab, 2013) foram alocadas na categoria “Gerontologia”, enquanto aquelas com cuidadores de pessoas com deficiência (Polezi, 2021; Roiz, 2022) foram inseridas na categoria “pessoas com deficiência, saúde física e funcional”.
Somente uma pesquisa (Jesus, 2021) não foi enquadrada em nenhuma das categorias mencionadas, pois não se tratava de um estudo que se relacionasse de alguma forma com a Terapia Ocupacional. Ainda, alguns trabalhos foram enquadrados em duas categorias, devido à interface entre diferentes “áreas/subáreas” da Terapia Ocupacional. Essas produções estão principalmente relacionadas à interseção entre cultura, saúde mental, educação, história, ética, filosofia e epistemologia da Terapia Ocupacional, e trabalho/saúde do trabalhador (Almeida Prado, 2019; Lins, 2015; Mazaro, 2021; Morato, 2014).
Em relação à faixa etária da população, foram utilizados os instrumentos normativos brasileiros para a definição dos ciclos de vida. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990), crianças são consideradas aquelas entre 0 e 12 anos, enquanto adolescentes são aqueles entre 12 e 18 anos. Já os jovens, conforme o Estatuto da Juventude (Brasil, 2013), são pessoas com idades entre 15 e 29 anos. De acordo com o Estatuto da Pessoa Idosa (Brasil, 2003), pessoas idosas são aquelas com mais de 65 anos, além de incluir estudos sobre intergeracionalidade. Para os estudos que não se concentraram em uma população específica, foi utilizada a categoria “não se aplica”. Isso inclui pesquisas sobre história, ética, filosofia e epistemologia da profissão, bem como aquelas que não consideraram a idade como um critério de inclusão ou exclusão no estudo.
Em relação ao gênero, as pesquisas que utilizaram essa categoria como parâmetro foram classificadas da seguinte forma: “feminino” para estudos que abordavam mulheres cis; “masculino” para pesquisas específicas sobre homens cis; “população LGBTQIA+” quando o enfoque era pessoas dissidentes da heterocisnormatividade; e “não se aplica” para estudos que não apresentavam essa especificidade.
Os dados foram organizados em uma planilha e posteriormente importados para o software Statistical Package for The Social Sciences — SPSS®, versão 19.0. Para atender o objetivo do estudo, foi feita a análise descritiva, utilizando frequências absolutas e relativas para as variáveis categóricas.
Resultados
Foram encontradas 133 pesquisas (anexo 1), sendo 88,7% (n=118) da Universidade Federal de São Carlos e 11,3% (n= 15) da Universidade Federal de Minas Gerais. Em relação aos pós-graduandos, 120 (90,2%) eram do sexo feminino7 e 127 (95,5%) graduados em Terapia Ocupacional. Apenas seis pesquisas (4,5%) foram desenvolvidas por pesquisadores com outra formação, sendo cinco da Universidade Federal de São Carlos e um vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais. Em consulta ao Lattes, consta que esses autores são graduados em Arquitetura e Urbanismo (2), Psicologia (2), Educação Musical (1) e uma com duas graduações, em Pedagogia e em Imagem e Som.
Com relação à formação do orientador, apenas um (0,8%) não era terapeuta ocupacional. Ele é fisioterapeuta e orienta no programa de Estudos da Ocupação da Universidade Federal de Minas Gerais.
No que tange ao nível de formação, 72,2% eram pesquisas de mestrado (n=96) e 27,8% de doutorado (n=37). Ao considerar somente o nível de mestrado, 15,6% eram da Universidade Federal de Minas Gerais e 84,4% da Universidade Federal de São Carlos. Quanto ao doutorado, todos os 37 foram concluídos no programa da Universidade Federal de São Carlos. O ano com o maior número de defesas, independentemente da universidade e do nível (mestrado ou doutorado), foi em 2021, com 23,3%, seguido por 2019, com 15,8%.
A figura 2 mostra o percentual de mestrado e de doutorado a cada ano. Para facilitar a visualização dos dados, os trabalhos foram organizados em duas categorias principais: “mestrado”, com um total de 96 dissertações, e “doutorado”, com 37 teses. Além disso, foi apresentada uma categoria adicional intitulada “mestrado e doutorado”, que representa a soma total das produções, totalizando 133 pesquisas, sendo que os percentuais indicados refletem a proporção em relação a esse total. Essa abordagem permite uma compreensão mais abrangente da produção acadêmica na área, destacando tanto as contribuições referentes ao mestrado e ao doutorado, quanto a produção total.
Sobre essa distribuição, destaca-se a pandemia de Covid-19, iniciada em março de 2020, período no qual as atividades presenciais dos cursos foram suspensas e substituídas pelo ensino e pelas defesas de forma remota. A crise sanitária pode ter apresentado impacto na execução do trabalho de campo de algumas pesquisas, justificando a redução no número de defesas de mestrado e doutorado em 2020.
No que tange às subáreas de realização dos trabalhos, 97,7% das pesquisas foram voltadas para uma única temática. Os percentuais para a Universidade Federal de Minas Gerais e para a Universidade Federal de São Carlos foram calculados com base no total de pesquisas de cada linha, ou seja, em relação ao número de pesquisas realizadas por cada universidade em cada subárea. Já os percentuais totais foram calculados considerando o total de 133 pesquisas, que é a soma de todas as pesquisas das duas universidades. Verificou-se que o campo social aparece em maior número (22,6%), seguido de instrumentos de avaliação e tecnologias de atuação da Terapia Ocupacional (16,5%) e saúde da criança, maternidade/apoio familiar (12,8%). A distribuição pelas subáreas temáticas encontra-se na tabela 1.
Em relação à faixa etária e ao gênero, 48,1% (n=64) das dissertações e/ou teses optaram por delimitar o campo/população com base nos critérios definidos pela pesquisa e descritos na metodologia. Entre as 61 pesquisas que incluíram a faixa etária, 44,3% focaram em crianças, seguidas por 26,2% que abordam jovens e 16,4% que estudaram adolescentes. Apenas nove (14,8%) pesquisas consideraram duas faixas etárias, sendo a combinação mais comum crianças e adolescentes (8,2%). Quanto ao gênero, entre os 17 trabalhos analisados, 88,2% abordaram o público feminino, enquanto 11,8% enfatizaram a população LGBTQIA+.
No que diz respeito ao uso do termo “Terapia Ocupacional”, 77,4% (n=103) das pesquisas utilizaram o termo como descritor, enquanto 39,8% (n=53) o incluíram no título. A distribuição ao longo dos anos está representada na figura 3.
Ao analisar as estratégias em conjunto (ou seja, o uso no título e/ou descritor), observou-se que 17,3% (n=23) dos trabalhos não utilizaram nenhuma estratégia, 48,1% (n=64) usaram apenas uma e 34,6% (n=46) usaram ambas. No mestrado e no doutorado, 69,8% (n=67) e 97,3% (n=36) dos trabalhos utilizaram o descritor “Terapia Ocupacional” em seu trabalho. Em relação ao título, a maioria das dissertações (mestrado) não incluiu “Terapia Ocupacional” (66,7%, n=64), enquanto 56,8% (n=21) das teses (doutorado) incluíram essa palavra no título.
Discussão
Conforme esperado, a maioria dos trabalhos de pós-graduação foi desenvolvida por mulheres, refletindo a predominância feminina na Terapia Ocupacional. Essa realidade está diretamente relacionada ao fato de que a Terapia Ocupacional é uma profissão historicamente marcada por uma forte associação com o feminino. Os estereótipos de gênero perpetuam a ideia de que as funções de cuidado e assistência são inerentemente femininas, moldando tanto a percepção social da profissão quanto a composição de seu quadro profissional (Figueiredo et al., 2018). Os dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, 2021) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Brasil, 2023) revelam a importância do papel das mulheres no desenvolvimento da pesquisa no Brasil, com elas representando 42% dos pesquisadores nos programas de pós-graduação do país. Contudo, essa proporção diminui para 38% no doutorado acadêmico, o que indica que, apesar da alta participação feminina na iniciação científica, as mulheres enfrentam barreiras significativas para avançar em suas carreiras acadêmicas nesse nível. Em contrapartida, no pós-doutorado, as mulheres representam 54% das posições, sugerindo que, ao alcançarem níveis mais elevados, elas superam algumas das dificuldades iniciais.
A formação das pesquisadoras ser majoritariamente na Terapia Ocupacional também era previsível, pois embora terapeutas ocupacionais tenham até então buscado sua formação em outras áreas (Cardinalli, 2017; Folha et al., 2018b; Malfitano, 2015), a criação mais recente dos programas da área ainda não trouxe uma tradição e visibilidade para que profissionais de outras áreas buscassem estes cursos. Percebe-se que esse pode ser um movimento importante para o reconhecimento da Terapia Ocupacional como ciência e produtora de conhecimento, pois ao acompanhar e compreender essas movimentações, a Terapia Ocupacional se fortalece ao evidenciar como suas construções, fundamentos, concepções, perspectivas e conceitos estão enraizados em um contexto mais amplo (Cardinalli, 2016; Malfitano, 2015). Isso permite uma reflexão crítica sobre as bases teóricas e práticas da profissão, contribuindo para a sua contínua evolução e adaptação às necessidades e desafios contemporâneos (Cardinalli, 2016; Lancman, 2012).
Outro aspecto a ser destacado é a concentração dos programas na região Sudeste. Segundo Lopes et al. (2010), na época de sua pesquisa, 84% dos grupos de pesquisa estavam concentrados na região Sudeste do Brasil, e, embora a distribuição dos locais de atuação dos mestres e doutores tenha se tornado menos desigual (Folha, 2019), em 2023, esta região ainda abrigava 50% dos grupos de pesquisa da área da Terapia Ocupacional (Oliveira, 2024). Em paralelo a isso, os três programas específicos da área da Terapia Ocupacional estão nessa região, conforme já apresentado (dois no estado de São Paulo e um em Minas Gerais). Apesar da expansão dos cursos de graduação para outras regiões do país com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais — Reuni9, ainda se tem uma concentração na região Sudeste, com 14 cursos que se encontram nessa região, sendo que, destes, nove estão no estado de São Paulo. Ao mesmo tempo, outras regiões têm menos cursos de graduação, sendo que as regiões Nordeste, Norte e Sul têm seis cursos, e a região Centro-oeste com apenas dois (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa em Terapia Ocupacional — RENETO, 2020). Isso faz com que terapeutas ocupacionais de outras regiões que não têm a possibilidade de deslocamento para cursar a pós-graduação, busquem outros campos de conhecimento como alternativas para continuidade da formação (Folha, 2019).
Apesar do aumento de mestres e doutores na inserção em programas de pós-graduação, ainda não se consolidou o incentivo à pesquisa e a ampliação de cursos de pós-graduação stricto sensu para a Terapia Ocupacional no Brasil (Folha et al., 2018a; Lopes et al., 2014). Logo, a continuação dos estudos em pós-graduação stricto sensu ainda encontra limitações, tendo como consequência a escassez de profissionais com qualificação stricto sensu específica em Terapia Ocupacional em algumas regiões do país (Folha, 2019; Folha et al. 2018b).
O maior número de trabalhos desenvolvidos na Universidade Federal de São Carlos pode ser atribuído à longa trajetória do programa, que oferece tanto mestrado quanto doutorado, além de contar com um maior número de professores credenciados. Segundo as informações dos sites oficiais dos programas, a Universidade Federal de São Carlos possui 25 professores permanentes e dois colaboradores, organizados em três linhas de pesquisa (UFSCar, s.d.). Em contraste, a Universidade Federal de Minas Gerais conta com treze docentes distribuídos em duas linhas, algumas das quais têm docentes vinculados às duas linhas do programa (UFMG, s.d.)10.
As linhas de pesquisa do programa da Universidade Federal de Minas Gerais são: “Ocupação, cuidado e funcionalidade” com dez docentes e “Ocupação, políticas públicas e inclusão social” com seis. Já na Universidade Federal de São Carlos, as linhas são: “Promoção do desenvolvimento humano nos contextos da vida diária” com cinco docentes e um colaborador; “Redes sociais e vulnerabilidades” com sete professoras orientadoras e “Cuidado, emancipação social e saúde mental” com sete docentes permanentes e uma colaboradora.
O Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos é estruturado com base na área de concentração intitulada “Processos de intervenção em Terapia Ocupacional”, o que implica que as pesquisas realizadas buscam investigar não só a perspectiva epistemológica do campo da Terapia Ocupacional, mas também os aspectos intrínsecos das práticas desenvolvidas por ela (UFSCar, s.d.). Esses estudos têm como foco as intervenções terapêuticas-ocupacionais, desde a avaliação até a intervenção em si, com ênfase nos processos de inclusão e exclusão social. Neste contexto, justificam-se as três linhas de pesquisas citadas anteriormente. A linha de pesquisa chamada “Redes sociais e vulnerabilidade” tem como objetivo examinar como a Terapia Ocupacional pode intervir e apoiar pessoas em situação de vulnerabilidade social, bem como desenvolver tecnologias sociais que promovam sua inclusão, participação e autonomia. As pesquisas nessa linha abordam temas da subárea social da profissão, como pobreza, políticas sociais, ocupação do espaço urbano, identidade cultural e acesso a serviços sociais (como saúde, educação, cultura, assistência social e justiça) (UFSCar, s.d.). Dado o número de pesquisadores nessa linha, que existe desde o início do Programa, o número de trabalhos classificados como pertencentes ao campo social (28) se justifica.
Outra linha deste programa é a “Promoção do desenvolvimento humano nos contextos da vida diária”, que visa a criação de tecnologias sociais, de recursos terapêuticos e intervenções que ajudem e estimulem o desenvolvimento humano, o desempenho funcional e o engajamento nas ocupações significativas do sujeito (UFSCar, s.d.). Assim, as pesquisas classificadas nas subáreas de recursos e tecnologias de atuação da Terapia Ocupacional (21) e na Saúde da Criança, Maternidade/Apoio Familiar (15) estão relacionadas a essa linha.
Quanto ao uso dos termos “Terapia Ocupacional” e “terapeuta ocupacional” no título e nos descritores, a análise dos resultados desta pesquisa revela que essa estratégia foi empregada nas dissertações e teses avaliadas. Ao adotarem essa estratégia, os autores abrem espaço para a inclusão de outros descritores e conteúdos nos títulos, favorecendo que suas investigações se conectem também a discussões interdisciplinares, ampliando o alcance de suas contribuições.
Folha (2019), ao investigar teses e dissertações de terapeutas ocupacionais, que são produtos de programas de diferentes áreas, constatou que menos de 30% das pesquisas não utilizaram o termo “Terapia Ocupacional” no título, descritores ou resumo. A título de comparação, o corpus analisado neste estudo aponta que os autores estão utilizando os termos citados anteriormente ou no título ou nos descritores.
Ademais, é fundamental garantir a coerência entre o título, os descritores e o resumo da pesquisa (Bufrem et al., 2014). A inclusão de um dos termos — “Terapia Ocupacional” ou “terapeuta ocupacional” — em pelo menos um desses elementos é crucial, pois essa prática é recomendada por revistas indexadas para facilitar a busca por publicações nos sistemas de referência. Se os termos não estiverem alinhados com a nomenclatura padronizada das bases de dados, o artigo pode se perder, tornando-se inacessível para aqueles que pesquisam sobre o tema (Brandau et al., 2005). Essa abordagem demonstra que as terapeutas ocupacionais estão atentas à importância da visibilidade e acessibilidade de suas pesquisas.
A maior parte das produções em Terapia Ocupacional se concentra na área da saúde, uma vez que os programas estão vinculados a essa grande área, de acordo com os critérios da Capes, embora existam artigos, decorrentes das pesquisas, publicados em periódicos das Ciências Humanas, das Ciências Sociais aplicadas, entre outras.
Diante disto, o panorama encontrado nos permite inferir que se tem uma variedade de temáticas e estudos que estão sendo produzidos na área, contribuindo para a consolidação da Terapia Ocupacional como ciência e produtora de conhecimento. Percebe-se ainda um enfoque maior em estudos voltados a certas “áreas” ou “especialidades” da profissão, com poucas interfaces que proponham uma interdisciplinaridade no diálogo.
Considerações finais
Os resultados deste estudo revelam um panorama significativo da produção acadêmica na Terapia Ocupacional, com um total de 133 pesquisas, das quais 88,7% foram desenvolvidas na Universidade Federal de São Carlos e 11,3% na Universidade Federal de Minas Gerais. A predominância de mulheres na autoria das dissertações e teses (90,2%) reflete a característica majoritariamente feminina da profissão, corroborando dados históricos sobre a associação entre gênero e cuidado na área.
A formação dos pesquisadores também é notável, com 95,5% graduados em Terapia Ocupacional, enquanto apenas 4,5% vieram de outras áreas. A análise dos níveis de pós-graduação indica que 72,2% das pesquisas correspondem a mestrados, sendo 84,4% delas oriundas da Universidade Federal de São Carlos. Em termos de temáticas, a maioria das produções (97,7%) focou em uma única área, com destaque para o campo social (22,6%) e para instrumentos de avaliação e tecnologias de atuação (16,5%).
O uso do termo “Terapia Ocupacional” como descritor e no título das pesquisas é uma prática significativa que reflete a estratégia dos autores para aumentar a visibilidade de suas produções. Observou-se que 77,4% das pesquisas utilizaram esse termo como descritor, enquanto 39,8% o incluíram no título. Essa escolha é crucial, pois facilita a indexação e a busca por parte de leitores e pesquisadores interessados no tema. Além disso, ao incorporar o termo nos descritores, os autores ampliam a acessibilidade de suas pesquisas, permitindo que elas sejam facilmente localizadas em bases de dados e motores de busca acadêmicos.
Esses dados não apenas evidenciam a riqueza e a diversidade da produção acadêmica nos programas de pós-graduação em Terapia Ocupacional no Brasil, mas também destacam a importância de considerar o contexto social e histórico. A pesquisa revelou que a maioria das produções nesses programas é realizada por profissionais graduados na área, o que é fundamental para a consolidação da Terapia Ocupacional como uma disciplina produtora de conhecimento e para a afirmação de sua especificidade enquanto categoria profissional.
Além disso, é essencial que os programas de pós-graduação stricto sensu sejam ampliados para diferentes regiões do país, a fim de evitar a centralização da produção acadêmica em apenas uma localidade. Essa descentralização permitirá uma maior diversidade regional e territorial nas pesquisas, possibilitando a inclusão de diferentes perspectivas e inovações na área. Essa questão vai além da escolha da profissão; está intimamente relacionada às oportunidades de financiamento e à disponibilidade de recursos humanos e de materiais nas instituições públicas.
Entende-se que uma das limitações do estudo foi a não possibilidade de inclusão dos trabalhos do Programa de Mestrado Profissional em Terapia Ocupacional e Processos de Inclusão Social da Universidade de São Paulo. Sugere-se que a página deste programa possa ter uma aba que consolide os trabalhos apresentados, já que o portal do sistema não foi efetivo para a realização da busca.
Diante disso, o estudo focou predominantemente em duas instituições. Além disso, a pesquisa foi realizada com dados disponíveis até 2022, o que significa que produções mais recentes e inovações que surgiram após essa coleta não foram incluídas. A diversidade nos métodos de pesquisa adotados pelos diferentes programas pode dificultar a comparação e a análise dos resultados, e as distintas abordagens e ênfases dos programas de pós-graduação em Terapia Ocupacional podem ter influenciado tanto os temas quanto a qualidade das pesquisas, embora esse aspecto não tenha sido aprofundado na análise.
Embora essas limitações sejam relevantes, elas não desmerecem a contribuição do estudo para uma compreensão mais ampla da produção acadêmica na área. O panorama apresentado oferece um retrato valioso do que tem sido realizado e serve como base para a proposição de ações para os programas já existentes e futuras iniciativas.
Por fim, é fundamental que os programas de pós-graduação em Terapia Ocupacional no Brasil continuem a atuar como centros geradores de conhecimento, formando profissionais capacitados para a pesquisa e promovendo a produção científica de qualidade. Somente dessa forma será possível consolidar a Terapia Ocupacional como uma área de conhecimento sólida e relevante para o país.
Financiamento: bolsa de iniciação científica do edital Programa Institucional de Iniciação Científica / Universidade Federal do Espírito Santo 2022-2023.
Contribuições dos autores: Mirian Moreira realizou coleta, organização, análise e interpretação dos dados, redação do artigo e aprovação da versão a ser publicada. Monica Villaça Gonçalves participou na concepção da pesquisa, orientação da coleta de dados, análise e interpretação dos dados, redação do artigo e aprovação da versão a ser publicada. Janaína Santos Nascimento realizou a análise e interpretação dos dados, revisão crítica do artigo e aprovação da versão a ser publicada. Diego Eugênio R. Godoy Almeida participou na revisão crítica do artigo e na aprovação da versão a ser publicada.
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
6. O currículo Lattes, desenvolvido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é uma plataforma virtual que reúne informações sobre a vida acadêmica de estudantes, pesquisadores e docentes brasileiros (Brasil, s.d.).
Fonte: elaboração própria.
Figura 1. Fluxograma da busca
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
7. Esse dado foi obtido através do nome dos autores, não sendo possível afirmar que é a identidade de gênero com a qual eles se identificam.
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
8. Os percentuais da figura são apresentados com apenas uma casa decimal, portanto, a soma final não é exata.
Figura 2. Percentual de defesas de mestrado e doutorado por ano8
Fonte: elaboração própria.
Fonte: elaboração própria.
Tabela 1. Distribuição de dissertações e teses por subárea e instituição sede dos programas
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
Fonte: elaboração própria.
Figura 3. Distribuição dos percentuais, ao longo dos anos, do uso do termo Terapia Ocupacional
9. O Reuni, instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior.
10. Dados obtidos nos sites dos programas em novembro de 2023.
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
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Referencias
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
Anexo 1. Dissertações e teses incluídas na análise
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.
Moreira, M., Gonçalves, M. V., Nascimento, J. S. e Almeida, D. E. R, G.