Caracterização das ocupações de moradores de uma comunidade ribeirinha na Amazônia brasileira

 

Caracterización de las ocupaciones de los residentes de una comunidad ribereña en la Amazonia brasileña

 

Characterization of the occupations of riverside community

residents in the Brazilian Amazon

 

 

 

Luana Teixeira Pereira1

Layara Sarges Siqueira2

 

Victor Augusto Cavaleiro Correa3

 

Lucivaldo da Silva Araujo4

Otavio Augusto de Araujo Costa Folha5

 

 

Recibido: 15 de agosto 2018 • Enviado para modificación: 7 de febrero 2019 • Aceptado: 15 de marzo 2019

Pereira, L.T., Siqueira, L.S., Correa, V.A.C, Araujo, L.S. & Folha, O.A.A.C. (2018). Caracterização das ocupações de moradores de uma comunidade ribeirinha na Amazônia brasileira. Revista Ocupación Humana, 18 (2), 5-19. doi: https://doi.org/10.25214/25907816.232

 

1 Terapeuta ocupacional. Especialização em Atenção Integral em Traumatologia e Ortopedia Atuação em Clínica Privada. Santarém, Pará, Brasil. luana_teixeira8@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-2017-007X

2 Terapeuta ocupacional. Belém, Pará, Brasil. layara_siqueira01@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0003-1224-7257

3 Terapeuta ocupacional. Especialização em Saúde da Família, Mestre em Psicologia. Doutor em Doenças Tropicais. Docente, Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará. Belém, Pará, Brasil. victorcavaleiro@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-0133-7927

4 Terapeuta ocupacional. Mestre em Psicologia Clínica e Social. Doutor em Psicologia Clínica. Docente, Departamento de Terapia Ocupacional, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade do Estado do Pará. Belém, Pará, Brasil. lucivaldoaraujo@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-8974-0886

5 Terapeuta ocupacional. Mestre em Neurociências e Biologia Celular. Docente, Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará. Belém, Pará, Brasil. otaviofolha@gmail.com https://orcid.org/0000-0003-3694-9691

RESUMO

As ocupações são ações cotidianas que organizam e estruturam a vida das pessoas. Observa-se o crescimento de estudos que descrevem as ocupações de vários públicos em diferentes contextos. Estas investigações têm auxiliado no desenvolvimento de conceitos, teorias e propostas de intervenção na terapia ocupacional. No entanto, estes estudos ainda são incipientes, principalmente em relação às populações no contexto latino-americano. Esta pesquisa objetivou caracterizar as ocupações de homens e mulheres moradores de uma comunidade ribeirinha na região amazônica. Trata-se de um estudo quantitativo com abordagem descritiva. Utilizou-se um questionário de uso do tempo, em que foram identificadas algumas qualidades das ocupações mais comuns do modo de vida dos ribeirinhos, as variações relacionadas aos períodos do dia e aos locais onde ocorrem. Possibilitou compreender que as ocupações são fatores estruturantes do cotidiano desta população, que interagem com o ambiente e valores da comunidade e que expressam um modo de vida peculiar. Tais compreensões são particularmente úteis para profissionais nos diversos níveis de atenção, podendo ser utilizadas para guiar intervenções em terapia ocupacional na área da saúde, no campo social, na educação, dentre outros.

Palavras chave

atividades humanas, atividades cotidianas, Terapia Ocupacional, Amazônia, grupos populacionais

Resumen

Las ocupaciones son acciones cotidianas que organizan y estructuran la vida de las personas. Han aumentado los estudios que describen las ocupaciones de diversas poblaciones en diferentes contextos, los cuales han ayudado en el desarrollo de conceptos, teorías y propuestas de intervención en Terapia Ocupacional. Sin embargo, estos estudios todavía son incipientes, principalmente en el contexto latinoamericano. Esta investigación tuvo por objetivo caracterizar las ocupaciones de hombres y mujeres que habitan en una comunidad ribereña en la región Amazónica. Se trata de un estudio cuantitativo con enfoque descriptivo. Se utilizó un cuestionario de uso del tiempo, a través del cual se identificaron algunas cualidades de las ocupaciones más comunes en el modo de vida de los ribereños, las variaciones relacionadas con los períodos del día y los lugares donde ocurren. Fue posible comprender que las ocupaciones son factores estructurantes del cotidiano de esta población, interactúan con el ambiente y con los valores de la comunidad, expresando un modo de vida peculiar. Tales comprensiones son particularmente útiles para profesionales en los diversos niveles de atención y pueden ser utilizadas para guiar intervenciones de Terapia Ocupacional en salud, en el campo social, en educación, entre otros.

Palabras clave

actividades humanas, actividades cotidianas, Terapia Ocupacional, Amazonía, grupos de población

Abstract

Occupations are everyday actions that organize and structure people’s lives. There has been an increase in studies describing the occupations of several populations in different contexts. These investigations have assisted in the development of concepts, theories, and proposals for intervention in occupational therapy. However, these studies are still incipient, especially in relation to the Latin American context. Thus, this quantiative study with a descriptive approach aimed to characterize the occupations of men and women living in a riverside community in the Amazon region. A time-use questionnaire was used to identify some of the most common occupations of the riverside lifestyle, and their variations according to the different periods of the day and to the places where they occur. It highlights understandings of occupations as structural factors of the daily life of this population, interacting with the environment and the values of the community, and expressing a peculiar way of life. Such understandings are particularly useful for professionals at different levels of care, and can be used to guide interventions in occupational therapy in the health, social, and education fields, among others, throughout this process.

Key words

human activities, activities of daily living, Occupational Therapy, Amazon, population groups

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Investigación

Introdução

As ocupações são ações que as pessoas fazem todos os dias como tomar banho, estudar, trabalhar, apresentam propósitos e significados individuais e/ou coletivos e podem ser compreendidas a partir de um contexto cultural (Clark, Wood & Larson, 2002; Clark & Zemke, 1996). São vivências subjetivas e não reprodutíveis (Carrasco & Olivares, 2008) e que organizam e estruturam a vida das pessoas (Hasselkus, 2006).

Atualmente, existem diferentes modos de compreender e classificar as ocupações (Jonsson, 2008; Molineux & Whiteford, 2012). Uma das formas mais utilizadas é apresentada no documento Estrutura e prática da Terapia Ocupacional: domínio e processo, pela Associação Americana de Terapia Ocupacional (AOTA, 2015), que classifica as ocupações em atividades de vida diária (AVD), atividades instrumentais de vida diária (AIVD), trabalho, educação, descanso/ sono, brincar, lazer e participação social.

No cenário latino-americano, estudos que descrevem as ocupações cotidianas, de um grupo específico de pessoas, ainda são pouco frequentes. Estes tipos de estudo apresentam importante papel na compreensão das ocupações que se estruturam no interior de uma determinada cultura e que influenciam a saúde, o bem-estar e as formas de interação social daqueles que nelas se envolvem.

Na Amazônia brasileira, o repertório ocupacional de alguns grupos populacionais que habitam essa região do Brasil, como os povos tradicionais que incluem indígenas, ribeirinhos e quilombolas, é pouco conhecido. Disto resulta, para os profissionais de saúde locais, dificuldades latentes na atenção dispensada às pessoas oriundas dessas comunidades nos diferentes contextos de atuação profissional.

Os povos e comunidades tradicionais da Amazônia são grupos culturalmente diferenciados. Possuem formas próprias de organização social. Habitam territórios específicos e utilizam recursos naturais desses espaços geográficos como condição para sua sobrevivência, reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações, bem comopráticas geradas e transmitidas pela tradição (Brasil, 2007). As comunidades ribeirinhas apresentam um estilo de vida original e peculiar. São populações que vivem em áreas de floresta nativa, próximas aos rios e seus afluentes. Constituem-se como grupos sociais específicos que estabelecem uma complexa relação com a natureza e seus ciclos, por meio do uso sustentável dos recursos naturais para a subsistência própria, da família e da comunidade (Chaves, Simonetti & Lima, 2008).

A organização social e cultural dos ribeirinhos, no decorrer de seu percurso histórico de formação, foi intrinsecamente influenciada pela cultura de outros povos. Ao longo desse processo miscigenatório, essas comunidades incorporaram valores, hábitos e costumes provenientes de diferentes traços culturais que ainda perduram nos seus modos de vida atual (Chaves et al., 2008). Um dos traços característicos dessa relação está vinculado à forma de trabalho predominante nas comunidades ribeirinhas, que é demarcada pela atividade agrícola e extrativista, voltada para a subsistência familiar (Dergan, 2006).

Nessas comunidades, os conhecimentos tradicionais são transmitidos de geração em geração. A vivência compartilhada das ocupações possibilita o trânsito de informações e aprendizagens sobre uma cultura que se mostra essencial para a manutenção do modo de vida dessas comunidades (Fraxe, Pereira, & Witkoski, 2007). A valorização da dimensão ocupacional dessas populações é uma via de acesso aos traços e influências culturais, que repercutem nos significados atribuídos às ocupações que estruturam suas vidas, bem como nos padrões e escolhas ocupacionais (Bonder, Martin & Miracle, 2004; Helman, 2003).

Existem poucos estudos sobre este público específico em áreas de conhecimento que se interessam pelos fazeres diários, que estruturam o cotidiano das pessoas. A compreensão desta realidade pode auxiliar na elaboração e implementação de ações governamentais e clínicas que consideram as necessidades singulares deste público e que contribuam para prática de saúde culturalmente engajadas. Na busca por caracterizar as ocupações cotidianas de homens e mulheres de uma comunidade ribeirinha da Amazônia brasileira, nos propomos a identificar o que, quando, onde e com quem essas pessoas realizam suas ocupações.

Métodos

Tipo de pesquisa e local

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e transversal (Appolinário, 2012). A pesquisa ocorreu na Ilha do Combú, localizada entre os inúmeros espaços insulares do município de Belém, capital do Estado do Pará, Norte do Brasil. Situada ao sul da cidade, às margens do rio Guamá, a ilha do Combú apresenta área de terra firme e várzea, e tem como vegetação característica a floresta secundária, além de solos razoavelmente férteis, onde há a predominância do açaizeiro (Rodrigues, 2006).

Participantes da pesquisa e aspectos éticos

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Belém, existem atualmente 567 famílias nas comunidades dispostas na Ilha do Combú, totalizando 2.102 habitantes. Abordamos 23 famílias de forma aleatória (6,76%), um número aproximado ao de outras investigações realizadas na região (Silva, 2006). Os critérios de inclusão foram: ser morador da comunidade, ter idade maior do que 18 anos e aceitar participar do estudo. Os critérios de exclusão foram: tempo de residência na ilha menor do que 6 meses, idade menor de 18 anos e/ ou não apresentar condições cognitivas para participar da pesquisa. Para contatar os moradores, primeiramente, obteve-se apoio de um morador da ilha que atuou como guia e barqueiro, conduzindo os pesquisadores pelas moradias da ilha. Os pesquisadores foram, aleatoriamente, de moradia em moradia, convidando os ribeirinhos para participar da pesquisa. Dos moradores, obteve-se o consentimento de 20 mulheres e 10 homens, maiores de 18 anos, que aceitaram participar do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A realização da pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Pará (Parecer n° 498.079).

Procedimentos de coleta e análise dos dados

A coleta de dados ocorreu entre os meses de janeiro e março de 2014. Os instrumentos de coleta de dados foram aplicados junto aos moradores da comunidade ribeirinha, por meio de uma entrevista. As falas foram gravadas e transcritas, sendo que, posteriormente, com base na análise das transcrições, os questionários foram preenchidos pelos pesquisadores.

Primeiramente, foi utilizado um Questionário Sócio-demográfico contendo questionamentos acerca da vida cotidiana dos participantes. O Questionário Sócio-demográfico foi elaborado pelos pesquisadores, os quais tomaram como base um inventário sócio demográfico, anteriormente utilizado em uma comunidade ribeirinha amazônica (Afonso, 2011). Este questionário é dividido em 6 itens que contemplam dados de identificação pessoal e caracterização do sistema familiar.

Posteriormente, empregou-se o Questionário sobre Ocupações e Uso do Tempo. Este questionário foi baseado no Questionário de Rotina Familiar, instrumento usado por Silva et al (2010), para investigar a rotina de famílias ribeirinhas, e no instrumento Daily Occupational Perfomance (Ikiugu, 2007), utilizado para averiguar as ocupações desenvolvidas pelos sujeitos. O Questionário de Ocupações e Uso do Tempo é composto por questões que visam identificar o envolvimento das pessoas em ocupações, o período do dia, o lugar onde elas ocorrem, dentre outras informações.

A aplicação desses questionários se deu por meio da gravação do áudio da leitura de seus elementos constituintes, seguida das respectivas respostas dos participantes. As informações obtidas, por meio dos instrumentos de coleta de dados, foram tabuladas e categorizadas através da distribuição das frequências, de acordo com a ocorrência das variáveis analisadas. Os dados foram analisados pelo recurso da estatística descritiva. As ocupações foram categorizadas de acordo com a classificação da Associação Americana de Terapia Ocupacional (AOTA, 2015). Inclui-se, também, uma categoria denominada de ócio, uma vez que esta forma de classificação foi mencionada pelos participantes do estudo.

 

Resultados

 

Participantes da pesquisa e aspectos éticos

 

 

Metade dos sujeitos de pesquisa sobrevive com renda mensal equivalente a um salário mínimo (R$ 937,00, valor em 2017) (tabela 1) e a atividade profissional predominante é a de trabalhador autônomo. Nesta categoria, estão incluídas as profissões de extrativista, barqueiro, agricultor, carpinteiro, marceneiro, comerciante, pescador, artesão, dentre outros. A maioria da população estudada (53,33%) possui apenas o Ensino Fundamental completo.

 

Quanto à moradia, observou-se que, com base na idade média dos sujeitos e no tempo em que moram na ilha, 76% do tempo de vida dos ribeirinhos foi vivido na ilha. As residências constituem-se, principalmente, em casas de madeira, construídas sobre e à beira dos rios (figura 1).

O que fazem os ribeirinhos?

 

Ao descreverem suas ocupações ao longo de um dia, os sujeitos de pesquisa mencionaram o envolvimento em 303 ocupações distintas. Destas, 223 foram citadas por mulheres e 80 por homens. Em média, cada ribeirinho descreveu, aproximadamente, 10 ocupações diárias e as mulheres descreveram um repertório maior de afazeres do que os homens. A tabela 2 apresenta a distribuição categorial das ocupações mencionadas.mencionadas.

Onde fazem?

Quanto ao local de execução das ocupações, verificamos um predomínio da realização de ocupações no ambiente doméstico (88,29%), com destaque para as AVD, AIVD, participação social, lazer e descanso/sono (figura 3).

Das ocupações que ocorrem na comunidade, 88% estão relacionadas ao trabalho e AIVD, com destaque para as atividades religiosas. Daquelas que ocorrem fora da comunidade, 83% também estão relacionadas ao trabalho e AIVD, também com predominâncias das ocupações religiosas.

Discussão

 

Pesquisas sobre o uso do tempo têm sido desenvolvidas no cenário internacional, pautadas em distintas orientações metodológicas e epistemológicas. Nesse campo, os estudos têm buscado aprofundar os conhecimentos acerca dos variados aspectos que constituem e influenciam as ocupações humanas. Atualmente, os métodos de investigação sobre o uso do tempo estão entre os procedimentos de pesquisa mais consolidados (Aguiar, 2012; Hunt & McKay, 2015).

Polatakjo & Davis (2005) descreveram que a caracterização das ocupações das pessoas permite a compreensão de aspectos relacionados ao gênero, à religião, à escolaridade, às condições socioeconômicas, dentre outros. Permite, também, identificar padrões de ocupações em determinado período, assim como as diferenças entre grupos distintos e os efeitos sobre mudanças temporais no envolvimento com as ocupações. Além disso, possibilita identificar características específicas de ocupações, desempenhadas em um determinado contexto físico, social e cultural. Diante dessa conjuntura, as reflexões suscitadas a partir dos dados obtidos sobre a importância das ocupações na estruturação do cotidiano dos ribeirinhos – bem como sobre os elementos que influenciam o envolvimento desse grupo de pessoas em ocupações –, demarcam algumas importantes contribuições desta pesquisa para o campo dos estudos sobre as ocupações humanas a nível local e nacional.

A amostra investigada neste estudo permitiu identificar características sociais e demográficas como a baixa escolaridade, a renda mensal, a atividade profissional e o tipo de moradia dos habitantes ribeirinhos que confirmam resultados de estudos anteriores (Silva et al, 2011). A identificação das AVD e AIVD, como ocupações mais comumente desempenhadas pelos ribeirinhos de ambos os sexos, ao longo do dia, é destacada neste processo, já que constituem ações fundamentais e estruturantes do cotidiano dos seres humanos. Algumas evidências apontam para a importância do desenvolvimento destas atividades de modo independente e autônomo, uma vez que são elementares à manutenção da vida de qualquer pessoa (Hasselkus, 2006).

Outro dado diz respeito ao pequeno envolvimento dos ribeirinhos em ocupações de participação social, neste contexto, compreendido como padrões de comportamentos organizados e esperados de um indivíduo, seja na comunidade, na família ou nas relações de amizade, nos quais ocorrem uma interação social com outras pessoas (AOTA, 2015). Supõe-se que a menor frequência de envolvimento dos ribeirinhos, nestas ocupações, pode estar relacionada à dificuldade de acesso às comunidades da vizinhança, o que ocasiona um distanciamento e isolamento da convivência comunitária. Assim, embora estejam a poucos metros de distância, as condições de acessibilidade e locomoção, pelo ambiente da floresta, inibem o envolvimento neste tipo de ocupação.

Alguns estudos sobre comunidades ribeirinhas identificaram essa dificuldade de interação. Silva (2006), por exemplo, observou o isolamento das comunidades tanto em relação aos centros urbanos, como também entre os próprios moradores da comunidade. Segundo os autores, em termos interacionais, o rio atua como obstáculo ambiental e meio de contato, criando e restringindo possibilidades de interação entre moradores. Além disso, existem poucas áreas de convivência comunitária.

Harris (2000) também identifica essa característica dual do rio em relação ao ribeirinho. O rio, ao mesmo tempo em que favorece a criação de vínculos entre os moradores ribeirinhos que estão próximos uns dos outros, dificulta o contanto entre essas pessoas e comunidades mais distantes. Outros dados também corroboram com esta ideia, ao indicarem que o isolamento geográfico das comunidades ribeirinhas dificulta o desenvolvimento de um conjunto de redes sociais, ao mesmo tempo em que favorece as relações com maior intensidade dentro do contexto familiar (Silva, 2006; Silva et al., 2011).

Também há uma clara correlação entre as ocupações desempenhadas e o gênero de quem as executa, de maneira que mulheres apresentam maior envolvimento em atividades diárias e os homens em atividades relacionadas ao trabalho. Alguns estudos no âmbito da Ciência da Ocupação apontam que podem haver estereótipos sobre os papéis de gênero e as expectativas acerca do que homens e mulheres devem ou não devem fazer (Whiteford, 2010). No contexto das comunidades rurais, observa-se a predominância de padrões de gênero tradicionalmente constituídos ao longo do tempo. Nesses sistemas, a estrutura familiar estabelecida está pautada em uma divisão de papéis, na qual os homens são os provedores e chefes de família e as mulheres são as cuidadoras responsáveis pelo espaço doméstico e a educação dos filhos (Brumer, 2004).

A observância dessa conjuntura reforça a perspectiva que considera a influência do grupo social nas ocupações de seus membros. Ao constituírem-se como indivíduos a partir dos elementos fornecidos por uma matriz social específica, as pessoas costumam agir de acordo com os valores e crenças presentes na tessitura social da qual participam. Isto, obviamente, pode influenciar diretamente suas escolhas ocupacionais e os significados atribuídos a elas (Wada, Backman & Forwell, 2010).

Alguns estudos demonstram a influência da cultura no desenvolvimento de ocupações que definem determinados papéis ocupacionais para homens e mulheres, baseando-se no argumento que corrobora a influência social no comportamento, crenças e nos valores das pessoas. Assim, o comportamento cotidiano, hábitos, rotinas, rituais, dentre outros, seriam delimitadores de um modo de viver singular, que confere uma identidade sócio-cultural ao indivíduo (Bonder et al., 2004; Laraia, 2001; Silva et al., 2010). Neste sentido, as ocupações engendradas por uma população transmitem valores que refletem o modo de ser, fazer, tornar-se e o pertencer das pessoas (Wilcock, 2006).

No que concerne ao aspecto temporal das ocupações, observa-se a execução de um maior número de ações no período matutino, bem como uma relação entre o tipo de ocupação e o período do dia. Estudos apontam a relação das ocupações com o ciclo do dia (Royeen, 2014). Em uma pesquisa com populações ribeirinhas, Silva et al (2010), identificaram diferenças entre ocupações matutinas, como as atividades de subsistência (trabalho) e as tarefas domésticas. Nesse contexto, o tempo é regido pelas ocupações, e não por horários cronológicos, conforme mencionado em investigações precedentes (Christiansen, 2005).

O fato das rotinas das comunidades ribeirinhas não serem reguladas estritamente por horários, mas por ocupações relacionadas à sobrevivência, à automanutenção e à satisfação pessoal, nos indica que as ocupações são fatores estruturantes do dia a dia dessas comunidades, interagem com o ambiente e valores culturais e regem o modo de vida ribeirinho (Silva, 2006).

Estes dados apontam para a existência de um fluxo de ocupações diárias fortemente influenciadas pela natureza e pelo ciclo do dia. Nele, as comunidades ribeirinhas não utilizam a rotina de oito horas diárias de trabalho como comumente ocorre nas sociedades urbanas. Eles não costumam contabilizar o tempo através de calendários, datas e horas cronológicas, mas engajam-se em um cotidiano regido por ocupações ordenadas por um ritmo próprio, que depende da natureza, seus ciclos e de suas necessidades pessoais de subsistência.

Neste estudo, observou-se uma relação entre o contexto físico de execução das ocupações e o padrão das ações executadas. O local predominante de envolvimento em ocupações dos ribeirinhos é sua própria casa e seus arredores. As ocupações de trabalho, predominantes na rotina dos homens, demandam o deslocamento para fora de casa e, na maioria dos casos, da comunidade, apesar do acesso difícil para qualquer direção interna ou externa da ilha. Já as mulheres, em virtude do predomínio da função de cuidadora do lar, permanecem mais tempo no ambiente doméstico.

Alguns teóricos da Ciência da Ocupação apontam que as ocupações desempenhadas pelas pessoas são um modo de expressar quem a pessoa é e o que deseja tornar-se (Wilcock, 2006). Esta autora afirma que a harmonia entre as ocupações e as necessidades individuais de fazer (engajar-se em tarefas específicas como trabalho ou preparo de refeições), ser (identidade de cada pessoa, como o de mãe ou pai, por exemplo) e tornar-se (quem a pessoa deseja ser como, por exemplo, uma boa mãe ou um bom pai) é um fator importante para a qualidade do viver e participação social das pessoas (Wilcock, 2006).

É valido destacar que outras formas de categorização das ocupações poderiam ter sido desenvolvidas como, por exemplo, as que tomam como base as experiências individuais dos sujeitos de pesquisa ao invés de categorias sociais previamente definidas (Hammell, 2009; Jonsson, 2008). Tais categorizações poderiam revelar características e singularidades que permitiriam a obtenção de informações mais profundas acerca das motivações, dos significados e das consequências do seu envolvimento diário, dentre outros aspectos. No entanto, por este estudo envolver uma descrição inicial do tema, considerou-se que a classificação adotada permitiu uma compreensão particular sobre as ocupações dos ribeirinhos. Nota-se, assim, que estudos posteriores com este enfoque são necessários.

Diante dos dados, reflexões e indagações levantadas, bem como das evidências teóricas encontradas na literatura especializada, considera-se que este estudo pode contribuir com o desenvolvimento de serviços e práticas profissionais que considerem as singularidades e generalidades das ocupações desempenhadas por comunidades ribeirinhas, bem como sua influência sobre a qualidade do viver dessas pessoas.

Investigações com este enfoque são importantes e pertinentes, pois podem subsidiar a prática de terapeutas ocupacionais em contextos culturais específicos. Além disso, permitem compreender como as ocupações são entendidas em diferentes culturas e como favorecem e valorizam as experiências de vida que promovem o enraizamento cultural (Kondo, 2004).

Os achados são particularmente úteis para profissionais que atuam no campo da saúde pública que atendem (ou virão atender) moradores de comunidades ribeirinhas nos diversos níveis de atenção e podem ser utilizados para guiar intervenções em saúde coletiva, no campo social, na educação, dentre outros.

Conclusão

 

A descrição das ocupações das pessoas contribui para a compreensão dos diferentes fatores que influenciam ou podem ser influenciados pelo seu engajamento em ações cotidianas específicas. Entre estes fatores, podemos observar aspectos relacionados ao gênero, à religião, à escolaridade, às condições socioeconômicas etc. Uma análise descritiva permite identificar padrões de ocupações em determinado período, as diferenças entre grupos específicos e características peculiares das ocupações desempenhadas em um determinado contexto físico, social e cultural.

Este estudo permitiu compreender algumas qualidades das ocupações mais comuns do modo de vida dos ribeirinhos amazônicos, as variações relacionadas aos períodos do dia e aos locais onde ocorrem. As atividades diárias, tanto básicas como instrumentais, são as ocupações mais comumente desempenhadas pelos ribeirinhos, de ambos os sexos, ao longo do dia, o que corrobora com a perspectiva de que estas ações são fundamentais e estruturantes do cotidiano dos seres humanos, conforme identificado em outros grupos populacionais.

Observou-se também que, embora o perfil de ocupações esteja relacionado ao período do dia, como observado em outras populações, esta variação, no modo de vida ribeirinho, depende de fatores naturais, como o ciclo das marés, o período de chuvas e de colheita de uma fruta típica da região, como o açaí, dentre outros. Isto denota a existência de um fluxo de ocupações diárias, fortemente influenciado pela natureza e pelo ciclo do dia.

Embora tenha fornecido importantes informações e reflexões acerca das ocupações de uma população ribeirinha, os dados deste estudo demandam uma análise cautelosa no que diz respeito à generalização dos dados encontrados. Algumas limitações do estudo estão relacionadas ao tamanho amostral, considerado relativamente pequeno diante da população ribeirinha amazônica. Nesse sentido, recomenda-se investigação semelhante com ribeirinhos de outras localidades. Outra categorização pode estar relacionada à forma de ocupações. Sugere-se para novas investigações a mensuração da duração das ocupações, ao invés de somente sua frequência. Tal fato pode favorecer uma compreensão melhor das ocupações desempenhadas. Por fim, a classificação das ocupações em categorias previamente definidas pode ser um fator limitador da compreensão da diversidade de ocupações desempenhadas.

Este estudo possibilitou compreender que as ocupações são fatores estruturantes do cotidiano desta população, que interagem com o ambiente e valores da comunidade e que expressam um modo de vida peculiar. O presente trabalho também possibilitou visualizar novos horizontes de pesquisa e novas indagações, tais como: como a cultura local é reproduzida e como se mantém através das ocupações? Quais significados individuais e coletivos são atribuídos às ocupações desempenhadas? Diante do quadro identificado, como contribuir com a qualidade do viver desta população? Que programas e ações profissionais podem favorecer a saúde, a qualidade do viver e a participação social dos moradores? Tais compreensões são particularmente úteis para profissionais de saúde nos diversos níveis de atenção, podendo ser utilizadas para guiar intervenções em saúde coletiva, como também no campo social, na educação, dentre outras áreas.

 

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Fonte: Elaboração própria

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Tabela 1. Características socioeconômicas e demográficas dos participantes da pesquisa

Figura 1. . Moradia característica da comunidade ribeirinha da Ilha do Combú

Fonte: Elaboração própria

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Os ribeirinhos mencionaram, com maior frequência, o envolvimento em ocupações relacionadas à vida diária (tabela 2). Dentre as AVD (34,98%), destacam-se as ocupações de gerenciamento das tarefas do lar, preparo de refeições e prática de atividades religiosas, e dentre as AIVD (29,70%), as mais citadas foram as atividades de cuidado pessoal e alimentação. As ocupações menos frequentes foram aquelas relacionadas à participação social (8,25%) e à educação (0,99%).

Em uma possível relação entre o gênero e a distribuição das ocupações (tabela 2), verificamos que as AIVD são as ocupações predominantes na rotina das mulheres (42,60%), assim como o trabalho (21,25%), as AVD (41,25%) destacam-se na rotina dos homens. Embora haja distintos destaques para as AVD e AIVD na vida diária de homens e mulheres, o tipo de atividade diária predominante é diferente entre os gêneros. A expressão da religiosidade e o cuidado pessoal são as ocupações mais frequentemente desempenhadas por homens; e o preparo de refeições, bem como o gerenciamento do lar são as mais recorrentes na vida diária das mulheres.

Quando fazem?

A maioria das ocupações descritas ocorrem pela manhã (42%), apesar do perfil das ocupações desempenhadas ao longo de um dia depender do turno em que elas ocorrem e variar entre os gêneros (figura 2). Por exemplo, as ocupações predominantes no período matutino são as AIVD (46,03%), AVD (37,30%) e o trabalho (10,32%). Há também uma distinta distribuição das ocupações entre os gêneros no período da tarde, com destaque para o trabalho (26,32%), nos homens; e AIVD (49,12%), lazer (22,81%) e participação social (7,02%), nas mulheres.

Fonte: Elaboração própria

Tabela 2. Distribuição das ocupações dos ribeirinhos por categoria

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Fonte: Elaboração própria

Fonte: Elaboração própria

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Figura 2. Distribuição das ocupações por turno

Figura 3. Distribuição das ocupações quanto ao local de realização